Patrimônio
Antigo "prédio das Finanças" sofre com ação do tempo e do homem
Além da falta de manutenção, florões em bronze que adornavam a porta principal desapareceram; bem integra lista de imóveis inventariados do município
Imponente e inutilizado, o antigo prédio das Finanças, na esquina da praça Coronel Pedro Osório com rua 15 de Novembro, no chamado centro histórico de Pelotas, sofre com a ação do tempo e com a falta de manutenção uma série de deteriorações visíveis. À longa lista de problemas soma-se mais um: na terça-feira (4) os florões de bronze que adornavam a porta principal foram arrancados e furtados. A ação foi gravada por câmera de segurança. A orientação da Secretaria de Cultura (Secult) é de que os antiquários não comprem as peças.
A ausência dos florões não passou despercebida pelo restaurador de edificações Arion Franconi, um admirador da arquitetura neo-clássica do prédio. "Das dez peças vi que só restavam quatro, mais próximas do teto, e imagino que mais difíceis de serem removidas. Imagino o que mais podem levar e o que já devem ter lado do interior", conta. Um acesso lateral, pela rua 15 de Novembro, onde havia outros seis florões junto à porta, também foram arrancados.
Informados por Franconi, técnicos da Secult estiveram no local quarta-feira e fizeram a retirada das quatro peças que restaram para mantê-las em segurança enquanto o caso é apurado. A preservação dos elementos é importante ainda à produção de réplicas, como se pretende fazer em seguida, disse o arquiteto da pasta, Fábio Caetano. "Se não recuperarmos, só conseguiremos réplicas. Os florões de bronze são da época de construção do prédio, material nobre e de valor inestimável. É uma grande perda e lamentamos bastante."
A preocupação aumenta com a porta lateral, onde não restou nenhum exemplar. Ali, segundo Fábio, os florões eram menores e será necessária uma busca de arquivo para tentar projetar uma réplica de forma mais fiel possível ao original.
De acordo com o secretário Giorgio Ronna, foram solicitadas à Guarda Municipal as imagens feita pela câmera de segurança instalada no local. Um boletim de ocorrência também será feito. Ele pede também que proprietários de antiquários e ferros-velhos não adquiram o material.
Antes das portas fechadas
A edificação, construída entre 1926 e 1928, atendeu a população em diferentes esferas. Até 50 anos depois da sua inauguração foi sede do Banco do Brasil, prestando serviços a investidores, pecuaristas, comerciantes e economistas. Na década de 1980 acabou desapropriado para dar lugar à Câmara de Vereadores. No entanto, não foi ocupado. Instalou-se nele então, a Secretaria de Finanças, que funcionou no local até 2010. Desde então o edifício encontra-se desocupado e fechado por estar com sérios problemas na estrutura da cobertura e por necessidade de restauração integral. A cúpula que ficava no alto do prédio, exatamente na esquina da praça com rua 15 de Novembro, foi retirada há alguns pela prefeitura e não mais voltou para o local. À época, a justificativa foi de que o ornamento sofria com ação de cupins e corria risco de desabar.
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